sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ministro da Justiça não crê em novas greves de PMs pelo País

Matria publicada ontem no site terra.com.br

Policiais e bombeiros do Rio votaram nesta 5ª indicativo de greve a partir da 0h de sexta-feira. Foto: Luiz Gomes/Futura Press
Policiais e bombeiros do Rio votaram nesta 5ª indicativo de greve a partir da 0h de sexta-feira
Foto: Luiz Gomes/Futura Press

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está convencido de que não haverá greves de policiais militares em outros Estados, como ocorre na Bahia. Em sua avaliação, o movimento nacional perdeu força após a divulgação de conversas telefônicas entre grevistas baianos, policiais e políticos com o intuito de radicalizar a paralisação.
"O que estamos sentindo é que, depois dos acontecimentos dos últimos dias, há um refluxo do movimento. Acredito que muitos policiais que queriam apenas fazer a reivindicação por salários perceberam que algumas lideranças, que estavam tentando articular um movimento nacional, estavam tentando associá-los à prática de atos de vandalismo e crimes, que são inaceitáveis", disse o ministro à Agência Brasil.
"Aquilo que era uma suspeita para alguns transformou-se em certeza. Há uma clara vinculação de alguns líderes do movimento grevista da Bahia e de outros Estados com a prática de atos de vandalismo e criminosos, atos absolutamente injustificáveis", acrescentou. "Não se aceita o crime por parte de ninguém. Quando vem de policiais que têm suas armas pagas pelo povo para dar proteção ao povo, fazer com que essas armas sejam utilizadas para ameaçar, isso é algo que não pode ser aceito por ninguém."
No interior de Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff disse que ficou "estarrecida" ao ouvir as gravações telefônicas dos líderes dos grevistas divulgadas ontem pelo Jornal Nacional e afirmou que os policiais que cometeram crimes durante a paralisação, como dano do patrimônio público, não devem receber anistia. Cardozo endossa a opinião. "Quem cometeu atos ilícitos tem que responder (por eles)."
Com relação à segurança da capital baiana, que vive a expectativa de receber milhares de pessoas para o Carnaval, o ministro da Justiça assegurou que os 4,5 mil homens das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal continuarão na Bahia "o tempo que for necessário" e que não há data para sua retirada.
Em caso de greve da polícia em outros Estados, como no Rio de Janeiro, o ministro garantiu o envio das tropas. "Se houver alguma situação em qualquer Estado, o governo federal terá condições de enviar tropas para garantir a segurança da população."
A greve
A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro, quando os grevistas acamparam em frente à Assembleia Legislativa em Salvador e posteriormente ocuparam o prédio. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência na capital e região metropolitana, dobrando o número de homicídios em comparação ao mesmo período do ano passado. Além de provocar o cancelamento de shows e eventos, a ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.

A paralisação busca reivindicar a criação de um plano de carreira para a categoria, além do pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.
O Executivo estadual solicitou o apoio do governo federal para reforçar a segurança. Cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. Dois dias após a paralisação, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspenda o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos, sendo que destes quatro foram cumpridos.
Em 9 de fevereiro, Marco Prisco, um dos líderes do movimento grevista, foi preso após a desocupação do prédio da Assembleia. A decisão ocorreu um dia depois da divulgação de gravações telefônicas que mostravam chefes dos PMs planejando ações de vandalismo na capital baiana. Um dos trechos mostrava Prisco ordenando a um homem que ele bloqueasse uma rodovia federal.

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