Diante das ocorrências registradas com povos indígenas de Mato Grosso do Sul, o secretário geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Ulrich Steiner, visitou três aldeias do estado, sendo elas Laranjeira Ñanderu, em Rio Brilhante, Kurusu Ambá, em Coronel Sapucai, e Guaiviry Tekoha, em Aral Moreira.
No total foram cerca de 450 índios visitados e ouvidos pelo líder da igreja católica, que na ocasião estava acompanhado por representantes do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Para o bispo, a situação na qual as famílias foram encontradas é de total desamparo e violência.
Ele afirmou na tarde desta terça-feira (31), em coletiva com a imprensa de Campo Grande, que a principal causa dos problemas indígenas é a falta de andamento dos processos de demarcações das terras deles. “É um povo desenraizado, não porque querem, mas porque não estão na casa deles”, disse Dom Leonardo.
Em cada região foi detectado um problema particular. Na aldeia de Kurusu Ambá o grupo observou que eles sofrem com o veneno jogado nas plantações de soja de propriedades privadas, que, por consequência, contamina a água e o solo. Outro problema detectado na comunidade é a falta de alimentos e escola para as crianças.
Já em Laranjeira Ñanderu, os Guarani Kaiowa estão sob ordem de despejo e conseguiram um prazo de 15 dias para deixarem o local. Dom Leonardo ouviu dos indígenas que a comunidade decidiu pela permanência, pois cansou de ver o seu povo morrer nos acampamentos a margem da rodovia, local para onde devem voltar caso sejam despejados.
Junto com a equipe, o bispo visitou também a aldeia Tekoha Guaiviry, local onde vivia o cacique Nisio Gomes, desaparecido depois de ataque de pistoleiros em 18 de novembro do ano passado. Lá, alguns membros da aldeia levaram o secretário geral da CNBB ao local exato onde Nisio caiu baleado.
O religioso recebeu também, em Campo Grande, uma comissão de lideranças Terena, povo que mantém luta semelhante aos Guarani Kaiowá e que tem na demarcação de terras o principal entrave para a posse do território tradicional. No ano passado, um ônibus escolar Terena foi atacado com coquetéis molotov. Uma mulher morreu e diversas crianças ficaram gravemente feridas.
Mariana Lopes |
Para o bispo, os atos dos indígenas, que muitas vezes são criticados pela população branca, que os acusam de não trabalharem e de serem alcoólicos, é uma consequência da falta de uma identidade territorial. “Eles não conseguem cultivar suas culturas. Eles não querem apenas um espaço para morar, eles querem justiça”, afirma dom Leonardo.
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