Atualizada às 16h40.
Numa das dezenas de réplicas do grande tremor de magnitude 8,9 que atingiu o Japão, um terremoto de magnitude 6,6 foi sentido na região central do país. Em Tóquio, muitos prédios balançaram mas não houve registro de danos.
De acordo com a Agência Meteorológica do Japão o tremor ocorreu numa profundidade de 10 km, e teve seu epicentro cerca de 170 km ao norte da capital do Japão.
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Embora não tenha havido registro de danos ou vítimas até o momento, este último tremor chamou a atenção dos japoneses por ser o primeiro das dezenas de réplicas a ocorrer numa região completamente diferente do terremoto que devastou a parte leste do país.
DEVASTAÇÃO
A polícia japonesa afirmou nesta sexta-feira que ao menos 331 pessoas morreram e outras 531 estão desaparecidas depois que um terremoto avassalador de magnitude 8,9 atingiu o país, causando um tsunami. O impacto do tremor, suas dezenas de réplicas, e as ondas gigantes causaram ainda o rompimento da represa Dam, em Fukushima, no nordeste do país, alagando diversas casas. As autoridades temem que o número final de mortos ultrapasse mil.
Segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, a polícia reduziu o balanço confirmado de mortos de 137 para 131. Outros cerca de 200 ou 300 corpos foram encontrados na cidade costeira de Sendai, a mais próxima do epicentro. Aparentemente, as pessoas morreram afogadas. A dimensão dos danos ao longo de uma extensa faixa costeira indica que o número de mortos pode aumentar significativamente.
A polícia disse ainda que ao menos 627 pessoas ficaram feridas.
O embaixador brasileiro no Japão, Marcos Galvão, afirmou nesta sexta-feira à Folha.com que ainda não há notícias de vítimas brasileiras. Segundo ele, as províncias mais atingidas foram Miyagi, Iwate e Fukushima, onde o número de brasileiros é cerca de 800.
A Kyodo informou ainda que um número não especificado de casas ficou sob a água depois do rompimento da represa Dam em Fukushima. Não há informações ainda se havia moradores na área afetada ou qual a extensão dos danos.
A cidade foi uma das mais afetadas e teve 3.000 moradores retirados por danos a um sistema de resfriamento da usina nuclear Fukushima Daiichi, da Tokyo Electric Power. Os trabalhos para reparar o problema já foram iniciados..
"Nós temos uma situação em que um dos reatores não pode ser esfriado", disse o porta-voz do governo, Yukio Edano. "Nenhuma radiação vazou. O incidente não impõe riscos ao ambiente no momento", garantiu.
Além do tremor, o pior a atingir o Japão e um dos sete mais fortes do mundo, um tsunami de sete metros devastou a costa leste do Japão, deixando um rastro de destruição e arrastando carros, navios e até mesmo casas, além de causar incêndios fora de controle.
O terremoto ocorreu às 14h46 da hora local (2h46 em Brasília) e teve seu epicentro no Oceano Pacífico, a 130 quilômetros da península de Ojika, e a uma profundidade de 24,4 quilômetros, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
Desde então, mais de 50 réplicas atingiram o país, muitas delas acima de magnitude 6. O USGS utiliza uma medição baseada na escala aberta de Magnitude de Momento, que mede a área da falha que se rompeu e a totalidade de energia liberada. Nesta escala, um terremoto de magnitude 6 ou superior pode causar danos significativos em áreas populosas.
Horas depois, um tsunami atingiu o Havaí (EUA), sem causar maiores danos. Alertas foram enviados por todo o oceano Pacífico, desde a América do Sul, canadá, Alasca (EUA) e toda a costa oeste dos EUA. A Indonésia, o Havaí e as Filipinas, entre outros, determinaram a desocupação de áreas costeiras. Países da região como Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, no entanto, já suspenderam o alerta.
Por causa do tsunami, a população japonesa foi orientada a fugir de áreas costeiras para terrenos mais elevados.
Foram registrados incêndios em pelo menos 80 lugares, segundo a agência de notícias Kyodo. A Kyodo também informou que uma embarcação com cem pessoas naufragou por causa do tsunami.
TEMOR
"Eu fiquei apavorado e ainda estou com medo", disse Hidekatsu Hata, 36 anos, gerente de um restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. "Eu nunca vivi um terremoto dessa magnitude antes."
Em Tóquio, os edifícios sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade, em Chiba, estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
A emissora NHK mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados.
Fumaça escura também encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.
"O prédio sacudiu por bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se esconderam debaixo da mesa", disse a correspondente da agência de notícias Reuters em Tóquio Linda Sieg.
"Isso foi provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20 anos".
O tremor dividiu uma rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.
Impressionantes imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande faixa litorânea perto da cidade de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de habitantes. Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos de lado. Sendai fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante dessa região.
Jesse Johnson, americano que vive em Chiba, norte de Tóquio, estava comendo em um restaurante de sushi com sua mulher quando sentiu o tremor. "No começo, eu não senti nada demais, mas então continuou e continuou. Então eu levantei, peguei minha mulher e fomos para debaixo da mesa", disse à agência de notícias Associated Press.
"Eu vivi no Japão por dez anos e eu nunca senti nada assim antes. As réplicas continuam vindo. Chegou ao ponto no qual eu não sei se sou eu quem está tremendo ou um terremoto".
EMERGÊNCIA
Um navio que levava cem pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e carros e levando embarcações do mar para a terra.
Algumas usinas nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma refinaria e numa grande siderúrgica.
O governo declarou situação de emergência como precaução. O primeiro-ministro Naoto Kan disse a políticos que eles precisam "salvar o país" após o desastre, que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte do país.
O tremor aconteceu pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em outras partes do mundo.
Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa. Um hotel desabou na cidade de Sendai, e há temores de que haja soterrados.
A gigante eletrônica Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a Kyodo. Jatos da Força Aérea foram deslocados para a costa nordeste para determinar a extensão dos danos.
O Banco do Japão (Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda.
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