É possível namorar e casar com uma pessoa de outra religião? Esse casamento é válido?
A Igreja orienta seus fiéis e lhes pede que vivam a fé que professam: a fé católica. Por isso, desde pequenas, as crianças são batizadas, fazem a catequese, são acompanhadas pelos seus pais e padrinhos, pelos catequistas e todo povo de Deus, e são chamadas a serem comunidade para ajudar as pessoas a caminhar na vontade do Senhor.
Quando uma pessoa caminha na busca pela vontade de Deus, deseja e quer fazer essa vontade em todos os âmbitos. Louvado seja o Senhor por isso! A pessoa tomou consciência: “Devo ser de Jesus”. Nessa caminhada, ela quer fazer a vontade do Pai também no seu relacionamento conjugal, quer encontrar alguém de Deus. Daí, ela encontra alguém de Deus, mas este crê no Senhor com algumas diferenças. É possível namorar assim? É possível casar-se com um protestante? A resposta é sim. É possível casar-se na Igreja Católica com um protestante.
A Igreja chama de “casamento misto” quando uma das partes tem o batismo, mas não é católica; e de “casamento com disparidade de culto” quando uma das partes não é batizada. Neste segundo caso, para ter o casamento válido, é preciso ter a permissão do ordinário local. Outra condição é que o casal deve se comprometer a educar os filhos na fé católica (cf. Catecismo da Igreja Católica 1633 a 1637).
Claro que a Igreja Católica respeita o casamento de dois protestantes, assim como é verdade que há muitas igrejas protestantes que nos respeitam, mas quando um católico se casa na igreja protestante, o casal está assumindo as condições daquela fé, por isso não é válido para a Igreja Católica. Nossos irmãos veem o casamento de uma maneira diferente de nós católicos.
Agora, quem se casa com alguém que professa uma outra fé não terá problemas? Isso não dá para garantir. Já é possível ver as diferenças quando se professa a mesma fé; então, quando não se professa, é possível que haja dificuldades.
Por fim, já atendi pessoas que vivem bem o casamento com a parte que não é católica, e outras que possuem dificuldades por causa da doutrina. Assim, o melhor, o mais recomendável é casar-se com uma pessoa que professe a mesma fé.
Você se considera uma pessoa agradável? A sua personalidade é cativante? E o seu corpo, jeito de pensar, falar e agir lhe agradam?
Se fosse possível, mudaria algo em você? Faço essas perguntas com o propósito de ajudá-lo a refletir um pouco sobre a maneira com que você se vê, pois a autoestima baixa pode ser um fator destrutivo para a pessoa que não tem consciência das consequências que ela causa.
Mas, afinal, o que é autoestima? O psicólogo norte-americano Edward Whitmont explica que “a autoestima ocupa-se de imagens, palavras e olhares que exprimem os juízos de valores que a pessoa faz sobre si mesma”. Ou seja, para uma pessoa ter uma autoestima elevada ela necessita ter uma imagem saudável de si mesma. Por isso, se você não gosta da imagem refletida, todos os dias no espelho, é sinal de que algo em seu interior está em conflito.
Caso o seu relacionamento com si mesmo seja inseguro e rígido, possivelmente a sua autoestima é baixa. Sendo assim, eu o convido a aceitar o desafio de mudar a sua perspectiva em relação a si. Sim! Viver uma conversão de mentalidade.
Creio que o primeiro passo para se elevar a autoestima é ter consciência de que essa insegurança existe. Após a conscientização, é essencial dar passos rumo à meta, que é se tornar uma pessoa estável e com uma emoção saudável. Procure ajuda com um bom psicólogo católico, com um diretor espiritual e faça uma oração de cura interior. Para ter uma autoestima elevada é fundamental mudar a sua autoimagem.
É importante estabelecer uma relação equilibrada e estável com seu corpo, emoção e intelecto.Seja gentil, compreensível, flexível e amoroso com você mesmo. Amar-se é fundamental para conseguir viver a ordem que Jesus dá no Evangelho de São Mateus: “Ame o seu próximo como a si mesmo”.
Reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus
A solenidade deste último domingo do ano litúrgico da Igreja nos coloca frente à realeza de Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, esta festa litúrgica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que realeza se trata?
Para superar a ambiguidade que permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para colocá-Lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por nós. Jesus está na outra margem, Ele é a antítese da realeza da riqueza e do poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da Paixão de Jesus para contemplar Sua realeza.
Jesus foi Rei, durante sua vida, em apenas dois momentos: ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado e ao ser humilhado na Paixão, revestido com manto de púrpura-gozação e capacete de espinhos; Rei ao morrer despido e com o peito traspassado na cruz. Rei da paz e Rei do amor sem limite até a morte. A realeza de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deus por toda a humanidade e por toda a criação.
Esta festa é ocasião propícia para podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o poder-dominação, o poder opressor, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isso se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de Sua Ressurreição.
Essa festa se torna então reveladora de um tríplice fundamento para a nossa esperança de que as promessas de Deus serão cumpridas até o fim.
O surgimento da matéria e sua evolução, desde o big-bang ─ quando toda a energia do Universo se concentrava em um único ponto menor do que o átomo ─ são o primeiro fundamento de nossa esperança.
Deus é criador respeitando as leis daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania d’Ele vem se cumprindo num Universo em expansão, uma vez que a evolução da matéria atingiu seu ponto ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque n’Ele está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gerações.
O segundo fundamento é a pessoa de Jesus de Nazaré. O sonho de uma humanidade humanizada ─ tornada aquilo que ela é ─ vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem ─ figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Ele nos humaniza com a Sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes nem pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser d’Ele mesmo.
O terceiro fundamento de nossa esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso batismo, pois na realeza de Jesus fomos batizados para sermos reis e rainhas; no sacerdócio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetisas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus revelada em Seu Filho.
A soberania dessa realeza consiste no serviço da cultura da paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.
No sacerdócio de Jesus nos unimos à Sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz à vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A esperança posta no sacerdócio de Jesus é também certeza de que a vida gasta por compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.
Nossa esperança é profética, pois a força da Palavra inaugura o futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…”, cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos comove para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente em Deus, sentido radical do futuro ou, como diz o provérbio, que “o futuro a Deus pertence”. Mas é o Senhor mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso que é ter esperança: esperar Deus mesmo!
A festa de hoje nos faz contemplar a existência do universo, necessária para que surgisse o grande presente de Deus oferecido a toda a criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, cabeça e coração.
Assim, como São Paulo, vivemos na esperança, mas sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do universo, que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros, que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de Seu Filho, por quem recebemos a vida e a plenitude da graça de Deus.